O combate ao aedes aeypti provavelmente é o assunto mais comentado atualmente no mundo. O governo brasileiro, talvez tardiamente demonstrando maiores preocupações, fez um pronunciamento sem novidades sobre as medidas necessárias para evitar a proliferação do grande vilão transmissor dos vírus da dengue, chikungunya, zika vírus, e outras doenças, que estão dando muito trabalho aos departamentos de saúde, bem como, provocando mudanças nos comportamentos da população.
Fomos incapazes de impedir o aparecimento do mosquito em nosso país e, o que é pior, ele não foi devidamente levado a sério e permitimos o aumento de sua população. Agora o problema é gigantesco e as dificuldades são cada vez maiores. Curiosamente pouco se comenta, mas, um dos motivos para o crescimento dos casos de dengue, zika vírus e chikungunya encontra-se na extinção dos predadores naturais e, entre eles estão os injustiçados sapos e as lagartixas.
Os mosquitos, encontrando no Brasil um clima favorável e poucos predadores, aceleram sua proliferação e picam mais, principalmente quando o ar é mais quente. O calor mais intenso acelera a taxa em que os agentes patogênicos se reproduzem e amadurecem. O desequilíbrio ecológico eliminou grande parte dos predadores naturais destes insetos. Sapos e rãs, por exemplo, importantes predadores naturais dos mosquitos, vêm sofrendo reduções em suas populações em diversos ecossistemas ao redor do planeta devido à destruição de seus habitats naturais, determinada pelo avanço do ser humano nas expansões urbanas e ocupações desordenadas decorrentes da expansão agrícola e a mortandade dos seus embriões. Além disso, falta consciência cultural em nossa sociedade para valorizar a importância do papel fundamental no equilíbrio ecológico dos predadores como sapos, pererecas, rãs, lagartos, lagartixas e aves. Na verdade, quase sempre não aceitamos as presenças dos nossos protetores. É o que acontece, por exemplo, quando surge um inofensivo sapo ou um de seus parentes, tudo isso porque nossa cultura popular sempre considerou esses anfíbios como bichos nojentos, principalmente o sapo, que é caçado, perseguido por crianças e adultos, enxotado dos jardins e quintais, já foi trucidado na macumba e bruxaria, onde era utilizado para amaldiçoar alguém escrevendo o nome num pedacinho de papel que era colocado dentro na boca do sapo e esta costurada; outra prática terrível é despejar sal em suas costas, até vê-lo morrer; muitos sapos e rãs foram capturados, para deles extrair as peles para serem industrializadas; das rãs come-se a carne. Quase não se divulgou na nossa cultura que sapos e rãs são os maiores predadores de insetos que a natureza criou.
Procurando soluções nossos pesquisadores criaram os mosquitos transgênicos, sem querer ser pessimista confesso que esta interferência na natureza me preocupa, será que não estaremos inventando outra praga? Resta-nos torcer para essa iniciativa conduzir a soluções e não, a mais problemas. As espécies nocivas que frequentam o ambiente urbano estão se proliferando com rapidez pela falta de predadores naturais. Só surgem pragas quando há o desequilíbrio ecológico. Mesmo que a tia (professora) não tenha ensinado a respeitar e valorizar os sapos comuns, ou os achemos feios e nojentos, precisamos reconhecer a importância deles na natureza, favorecendo assim o equilíbrio ecológico. É necessário iniciarmos uma imediata campanha de conscientização, começando por nossas crianças e nossos jovens, eles precisam saber que os sapos adultos são predadores de insetos, inclusive os da espécie aedes aeypti e na fase de girinos eliminam suas larvas. Nossos professores precisam ser capazes de formar nas escolas, alunos conscientes de que todo brasileiro tem direito a uma qualidade de vida digna de ser humano. Seja no caso da dengue, da malária, da leptospirose, das doenças veiculadas pela água etc., o desenvolvimento sócio-econômico de nosso país implica em se praticar eficientes sistemas de educação, conservação ambiental, vigilância sanitária e saúde pública. Precisamos de bases consistentes para se alcançar um futuro com qualidade. É bom pensar melhor antes de perseguir, caçar, maltratar e exterminar os predadores naturais encontrados na natureza, sob pena de contribuir cada vez mais para o desequilíbrio ecológico.